GÊNEROS TEXTUAIS.

RDT - Professora: Helda



Gênero Textual



Carta


       Conceituando carta: Carta é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um remetente e um destinatário. É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa um tipo de leitor. É necessário que se utilize uma linguagem adequada com o tipo de destinatário e que durante a carta não se perca a visão daquele para quem o texto está sendo escrito.
Dependendo do leitor há até mesmo tratamentos específicos, no caso de autoridades como o papa (Vossa Santidade), o juiz, o presidente, entre outros.

Há algumas características que marcam esse tipo de texto:

- Local e Data
- Destinatário
- Saudação
- Interlocução com o destinatário
- Despedida


       A carta tem uma estrutura obrigatória e que deve ser rigorosamente seguida, caso contrário, o candidato poderá ter sua redação anulada ou perder muitos pontos. A estrutura obrigatória da carta é: local e data, vocativo, texto e assinatura.

Vejamos, então, um exemplo prático e, logo abaixo, a explicação:

Vamos aos detalhes:

- Local e data: por extenso, conforme acima. Normalmente se usa a data no lado direito da folha.

- Vocativo:  use um pronome de tratamento adequado à pessoa a quem está se dirigindo. Quanto menos intimidade, mais formalidade. Neste caso, observe a quem se destina a carta. Se a um juiz: meritíssimo. Ao presidente: Excelentíssimo. A uma autoridade; Ilustríssimo,  se é parente: querido(a), etc…e por aí vai. Para pessoas que não sejam autoridades,  o prezado(a) cabe muito bem. Se souber o nome, coloque-o após o pronome de tratamento. Se não souber, pode ser o cargo que ocupa.

- Texto: quanto mais íntima a pessoa, mais informal será seu diálogo e vice e versa. Procure, no primeiro parágrafo, de acordo com a proposta, perguntar sobre a pessoa ou fazer um elogio à empresa, etc… Depois entre com o argumento proposto.

- Assinatura:  observe as instruções da prova. Em alguns vestibulares, pede-se que assine com a primeira letra do último sobrenome. Fiquem atentos.
Obs importante: não deixe linhas em branco entre estes itens.
Esta é a estrutura obrigatória da carta.

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Carta para papai Noel

Querido Papai Noel, este ano eu me comportei direitinho obedeci a mamãe, fui para a escola, tentei fazer todas as tarefinhas que a tia passou, claro que tive muitas dificuldades porque muitas das vezes eu estava com tanto sono que não conseguia ficar acordado para fazer o dever de casa devido a um árduo dia de trabalho no sinal depois da escola.
Tenho sete anos de idade sou de uma família de cinco irmãos, por ser o mais velho eu e o meu irmão de cinco anos ficamos responsáveis por levar dinheiro para casa.
A minha mãe quando não está drogada é uma boa mãe, ela fica em casa cuidando dos meus irmãozinhos e amamentando o meu irmão caçula.
Ela trabalha em casa, eu só não sei direito o que ela faz, só sei que ela recebe uns homens que segundo ela são seus clientes. Quando esses clientes chegam lá em casa, ela manda eu e os meus irmãos esperarmos eles conversarem lá fora, quando ele sai, ela fuma muito e fica nervosa, nessa hora ela bate na gente a toa, por isso procuramos não fazer perguntas e nem irritá-la.
Quando chego em casa por volta das 21:00 h entrego o dinheiro que consegui no sinal para a minha mãe e vejo se sobrou comida para eu comer e espero todos irem dormir para eu fazer o dever de casa que a tia da escola passou, no dia seguinte eu acordo 7:30 h visto o uniforme e vou para a escola.
Gosto de ir para escola porque lá tem merenda e a comida é muito gostosa, as vezes nem consigo me concentrar na aula direto porque a minha barriga está doendo tanto que não vejo a hora da merenda.
Papai Noel, fui um bom menino este ano por isso te peço, por favor, faça com que todo dia eu consiga levar dinheiro para casa para a minha mãe não me bater mais e ficar feliz e parar de se drogar, e que todo o dia tenha comida, não deixa mais eu e meus irmãos irmos dormir com fome.
Ah! Se não for pedir de mais eu gostaria de ganhar também uma bicicleta para mim sem rodinha e uma para o meu irmão com rodinha, um carrinho de controle remoto para o Juninho, um caminhão de brinquedo para o Pedrinho, e um patinho de borracha para o meu irmão caçula.
Por favor, leia a minha cartinha este ano, já que todos os anos eu te escrevo e até hoje você não me respondeu.
Desde já te agradeço querido papai Noel!!!
Ass: Luisinho.
São joão de Meriti 03/11/2010

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Remetente:
João da Silva
Rua dos Joaquins, nº 01, Bairro JJ
000-000 Campinas do Sul
Destinatário:                 
COMPUTERLY, LTDA.
Rua do equívoco, nº 2
0000-000 Campinas do Sul


Campinas do Sul, 29 de Fevereiro de 2009.

Assunto: computador entregue com estragos aparentes


Exmo(s). Senhor (es),


No último dia 05 de Fevereiro, dirigi-me ao seu estabelecimento, situado na Rua do equívoco, nº 2, como endereçado, a fim de comprar um computador. Após escolher o modelo que me interessou, solicitei que a mercadoria fosse entregue na minha casa. Para tanto, assinei a nota de encomenda e paguei a taxa para que fosse realizado o serviço. No dia 10 do mesmo mês, foi-me entregue o computador encomendado, no entanto, após ligar o aparelho na tomada constatei que o mesmo emitia mais de 8 apitos e não funcionava.
Diante deste fato, recusei o computador e solicitei que me fosse enviado outro exemplar em excelente estado, o que faria jus ao valor já pago. Entretanto, até a presente data continuo à espera.
O atraso na resolução do problema vem ocasionado vários transtornos ao meu cotidiano. Por este motivo, demando que outro computador de mesma marca e modelo seja entregue, sem falta, dentro de 3 dias úteis. Caso contrário, anularei a compra e exijo o dinheiro do pagamento de volta.

Sem mais,
João da Silva.
 
Anexos: fotocópias da nota fiscal de compra e do recibo da taxa de entrega.


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Artigo de Opinião


       O artigo é um texto que relata fatos ou circunstâncias existentes numa realidade concreta, e pretende descrever aspectos tidos como relevantes ou fundamentar alguma opinião.
       Neste tipo de gênero textual, como o próprio nome diz, trata-se da opinião pessoal do autor sobre determinado tema. Como todo bom texto, o artigo também segue algumas características básicas. O autor precisar convencer seus leitores com bons argumentos e apresentar suas impressões pessoais sobre o tema.        Normalmente, os temas são polêmicos. A necessidade de apresentar sua posição é fundamental.

       Para que você possa produzir um artigo de opinião, é necessário que tenha conhecimento do assunto, portanto, é preciso estar “ligado” ao que acontece no mundo. Somente com informações e conteúdo será capaz de redigir um bom texto.
       É importante saber quem é o público que lerá seu artigo. 

       Vamos ver um exemplo de Artigo de Opinião.


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Desordem e progresso

Fulano de Tal

É condenável a atitude que grande parte da sociedade desempenha no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Apesar dos inúmeros desastres ecológicos que ocorrem com demasiada frequência, a população continua “cega” e o pior é que essa cegueira é por opção.
Não sou especialista no assunto, mas não é preciso que o seja para perceber que o Planeta não anda bem. Tsunamis, terremotos, derretimento de geleiras, entre outros fenômenos, assustam a população terrestre, principalmente nos países desenvolvidos – maiores poluidores do Planeta – seria isso mera coincidência? Ou talvez a mais clara resposta da natureza contra o descaso com o futuro da Terra? Acredito na segunda opção.
Enquanto o homem imbuído de ganância se empenha numa busca frenética pelo progresso, o tempo passa e a situação adquire proporções alarmantes. Onde está o tal desenvolvimento sustentável que é – ou era – primordial? Sabemos que o progresso é inevitável e indispensável para que uma sociedade se desenvolva e atinja o estágio clímax de suas potencialidades, mas vale a pena conquistar esse progresso às custas da destruição da fauna, da flora, da qualidade de vida que a natureza nos proporciona?
Não podemos continuar cegos diante dessa realidade. Somos seres racionais em pleno exercício de nossas faculdades, não temos o direito de nos destruirmos em troca de cédulas com valores monetários que ironicamente estampam espécies animais em seus versos. Progresso e natureza podem, sim, coexistir, mas para isso, é preciso que nós – população terrestre – nos conscientizemos de nossa responsabilidade sobre o lugar que habitamos e ponhamos em prática o que na teoria parece funcionar.

*Redação produzida por Monalise Cristina Dantas



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CRÔNICA

       A crônica é um texto narrativo que relata experiências, vivências ou pontos de vista pessoais do cronista ocorridos em tempos passados ou em momentos atuais, ou seja, são impressões essencialmente pessoais de quem escreve.

       A crônica é o gênero mais confessional do mundo, pois o cronista tira os seus temas do próprio cotidiano e fala de tudo, de política a sentimentos pessoais, aberta ou disfarçadamente, deixando ao leitor o prazer do desvendar. Talvez por isso seja um texto dos mais agradáveis de ler e uma forma extremamente eficaz de seduzir o aluno para a leitura. Você pode aproveitar o texto de Lya Luft publicado em VEJA, para fazer um estudo desse gênero textual, colocando os alunos no papel de autores.

Características da crônica:

• É publicada geralmente em jornais ou revistas;
• relata de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano;
• consiste em um texto curto e leve, que tem por objetivo divertir e/ou fazer refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos;
• pode apresentar elementos básicos da narrativa - fatos, tempo, personagens e lugar - com tempo e espaço não limitados;
• o narrador pode ser observador ou se constituir em personagem;
• emprega a variedade informal da língua;
• pode apresentar discurso direto, indireto e indireto livre.

       O cronista expõe seu ponto de vista, seus comentários e deduções, suas ironias e interpretações a respeito de fatos (notícias ou dia a dia pessoal). Ele não tem, no entanto, por finalidade apenas a informação, mas sua universalização para que as pessoas aprendam alguma coisa com o que é, aparentemente, corriqueiro.
      A crônica nem sempre apresenta uma narrativa. Ela pode comentar, analisar, descrever, sugerir, exemplificar, de maneira leve e curta, o cotidiano. Não apenas informa sobre um determinado problema, por exemplo o problema da leitura nas escolas brasileiras, mas nos faz refletir e sugere saídas para melhorar.
       Não esquecer: importância da coesão no desenvolvimento deste tipo de narrativa breve. As ideias e os fatos devem ser muito bem "costurados" para que o texto atinja seu objetivo.


Rememorando

Características da crônica:
  • Narração curta;
  • Descreve fatos da vida cotidiana;
  • Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
  • Possui personagens comuns;
  • Segue um tempo cronológico determinado;
  • Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;
  • Linguagem simples.


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Crônica de Fernanda Torres
08 março 2013

 Minha avó e meus primos paternos moravam na Tijuca. Como meus pais trabalhavam no teatro nos fins de semana, eu e meu irmão costumávamos migrar do Jardim Botânico, onde cresci, para a Rua Padre Elias Gorayeb, nos dias de folga da escola.
E foi num sábado, 20 de novembro de 1971, que a notícia do desabamento do Elevado Paulo de Frontin transformou o percurso familiar em um pesadelo infantil. Estávamos nos preparando para sair quando a imagem insólita da laje de concreto colapsada sobre vinte carros, um ônibus e um caminhão, todos esmigalhados como uma folha de papel, emudeceu a família diante da televisão. Por questão de hora, não acontecera conosco. Desde então, a angústia de cruzar a Avenida Paulo de Frontin sob a sombra do minhocão me acompanha.
Voltei à rotina de gravações no Projac. O trânsito anda calmo, mas as novas medidas de segurança do Elevado do Joá provam que o belo traçado de asfalto está com as pernas bambas. O carro reduz para os 60 km/hora permitidos, enquanto a imaginação vaga em meio a elucubrações catastróficas. Fantasio um desmoronamento de filme pelo retrovisor, por vezes, considero a possibilidade de o chão se abrir de supetão e desenho a curva do carro no ar, a queda no mar e as notícias no dia seguinte.
Eu adoro o Elevado do Joá, as curvas sinuosas que acompanham a encosta, a altura abissal e o verde das ondas a bater nas rochas. É uma visão e tanto. Mas, desde que a precariedade e a má conservação do viaduto se tornaram evidentes, meus olhos abandonaram a paisagem para se concentrar nos vergalhões enferrujados, no concreto carcomido e na finura dos alicerces. Raramente vejo operários empenhados na recuperação da via. As colunas estão embrulhadas para a obra, mas a mão de obra é bissexta.
Estou inclinada a tomar o desvio tortuoso, porém seguro, do Morro da Joatinga. Mas a necessidade luta contra a vontade. O elevado cumpre uma função estética seriíssima no meu caminho para o trabalho, é o meu respiro, minha imensidão. A vista é o grande deus do carioca. Por isso esqueço de entrar à direita e arrisco a vida pelo exuberante horizonte.
Uma velha represa, acho que na China, ameaçava romper-se. Em caso de tragédia, as localidades vizinhas ao anunciado desastre sumiriam do mapa com a primeira enxurrada. Ao serem sondados sobre a preocupação de viver nas cercanias de uma barragem condenada, os habitantes próximos ao colosso confessaram não pensar no assunto. O medo aumentava na razão inversa do risco de óbito. As localidades afastadas, que teriam tempo para fugir das águas, demonstravam grande ansiedade com o problema.
A rotina banaliza o risco. Tento, como os chineses em perigo, relevar, esquecer, mas tremo toda vez que olho a viga.
Estive na abertura do elegantíssimo MAR, Museu de Arte do Rio. O evento contou com um pool de panelaços na porta. Quando cheguei, achei que a causa da revolta fossem os royalties do petróleo — a presidente estava presente na cerimônia —, mas uma repórter informou que os manifestantes escolheram o dia da inauguração da obra de dezenas de milhões de reais com o objetivo de chamar atenção para o estado de conservação dos teatros do Rio de Janeiro, muitos fechados por falta de equipamentos de segurança. Depois, soube que havia diversos grupos protestando por diferentes motivos de que não me recordo agora. O fato é que o encontro dos trios formou um baticum ruidoso que acompanhou os convidados noite adentro.
Não ligo o MAR ao abandono dos teatros públicos e tenho dúvidas se estaríamos melhor sem ele. Minha impressão é que não teríamos nem uma coisa nem outra. A parceria que viabilizou o MAR, pelo que percebo, se organizou de maneira a que o museu, uma vez erguido, possa caminhar com as próprias pernas.
Mas o buzinaço da classe teatral atenta para uma questão relevante. Não basta construir, é preciso manter; projetos futuros e passados. O MAR e o Teatro Carlos Gomes, a Perimetral e o Joá. O cobertor é curto, mas existem casos emergenciais.
Sem a providência divina, há precedentes, o Elevado do Joá periga cair antes da Copa.


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Artigo vs Crônica. Qual a diferença?


       O artigo é um texto que relata fatos ou circunstâncias existentes numa realidade concreta, e pretende descrever aspectos tidos como relevantes ou fundamentar alguma opinião.
       A crônica é um texto narrativo que relata experiências, vivências ou pontos de vista pessoais do cronista ocorridos em tempos passados ou em momentos atuais, ou seja, são impressões essencialmente pessoais de quem escreve.

ARTIGO OU CRÔNICA? / João Soares Neto

       "Muito se discute sobre a diferença entre artigo e crônica. Poderia falar, sem pretensões, que o artigo é mais sisudo, não comporta digressões e tem o objetivo de expressar a opinião do seu autor, seja jornalista ou não. Ou ter uma destinação científica ou acadêmica quando escrito por cientistas ou acadêmicos e veiculado em periódicos de universidades ou academias.
       A crônica é algo mais sutil. Mesmo quando escrita em jornal. É bom lembrar que Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Moreira Campos e Rachel de Queiroz, para ficar nos que não estão mais conosco, escreveram em jornais e sabiam da efemeridade e do difícil que é escrever para um público que deseja, de princípio, apenas saber notícias do dia."

Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são:
Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial, Arnaldo Jabor, dentre outros.


CONTO OU CRÔNICA?


O que diferencia um conto de uma crônica?

Uma vez, nos anos 80, Analdino Paulino coordenou uma edição de
crônicas de amor para um livro que seria brinde da Credicard.
Convidou dez autores, eu entre eles. Escrevi a minha. Foi devolvida
pelo então diretor de marketing do cartão de crédito. "Estava ruim?"
Não, disse o coordenador. Estava boa, ele até gostou. "E por que
recusou?" Porque ele pediu crônica e você mandou um conto. "Ah, e o
que é conto e o que é crônica para ele?" A resposta serviu para os
milhares de teóricos que queimam cabeça. Porque, disse o marketeiro
culto, uma crônica não tem diálogos. E como a sua tem, é conto.
Ignácio de Loyola Brandão, em crônica publicada no jornal "O Estado
de São Paulo"


O CONTO


       É uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.












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